COMO A NIKE TORNOU-SE UMA EMPRESA GIGANTE?
Esqueça GIGANTE. A Nike talvez nem existisse hoje, se não fosse pelos waffles.
Sim, a comida, os waffles do café da manhã. É uma história bizarra e pouco conhecida que merece ser recontada.
Quando a Nike entrou em cena em 1971, a Adidas dominava a indústria. Embora pareça incompreensível hoje, as ofertas iniciais de ações da Nike foram um desastre.
Os primeiros Nikes - uma chuteira de futebol adaptada ao futebol americano - se saíram tão mal no tempo frio que as solas se rachavam e partiam. Um quarterback de Notre Dame que usava um par naquela temporada viu seus sapatos se desintegrarem durante uma partida. A Nike (então ainda chamada Blue Ribbon Sports; passaria a usar o nome de sua marca de calçados em 1976) precisava desesperadamente de um avanço, ao voltar sua atenção para os tênis de corrida. Como o co-fundador Phil Knight revela em sua biografia Shoe Dog, se sua nova linha não fosse bem recebida na próxima edição da exposição da National Sporting Goods Association em 1972, a empresa ficaria sem dinheiro e provavelmente não conseguiria passar por mais um ano.
De fato, a situação financeira era tão precária que o outro co-fundador da Nike, Bill Bowerman, continuou a dividir seu tempo com seu outro emprego - como treinador de atletismo do Oregon.
Acabou sendo uma decisão fortuita.
Em 1971, a Universidade do Oregon instalou uma nova pista artificial feita de poliuretano - a mesma superfície esponjosa que seria usada nos Jogos Olímpicos de 1972 em Munique. Porém, havia um problema: a maioria dos sapatos de treinamento da época era de sola plana com apenas ondas ou sulcos, e os atletas estavam penando para conseguir manter a tração. Espigões de metal não eram uma boa opção, pois estavam rasgando a nova e cara pista de corrida.
Bowerman, que se tornaria treinador da equipe de atletismo dos EUA nos Jogos de 1972, precisava de uma solução. Ele ficou obcecado com isso por semanas.
De repente, a inspiração veio a ele numa manhã de domingo, quando sua esposa Barbara estava fazendo o café da manhã usando uma máquina de waffle. Quando um dos waffles saiu, ele teve uma epifania. Se a sola do sapato usasse o mesmo molde - porém invertido, para que os quadrados de waffle entrassem em contato com a pista -, poderia funcionar.
Após várias experiências - a primeira das quais arruinou o ferro de waffle de sua esposa depois que ele derramou uretano derretido -, ele conseguiu uma folha de borracha moldada que cortou e costurou no fundo de um par de sapatos e pediu a um de seus atletas, Geoff Hollister, para experimentá-los.
Como Knight colocou em sua biografia: “O corredor os amarrava e corria como um coelho”. Os "espigões" de uretano não apenas proporcionavam grande aderência em qualquer superfície, mas também ofereciam uma elasticidade que os atletas receberam de braços abertos.
A Nike agora tinha algo que seus concorrentes não tinham: uma sola que dava aos corredores uma vantagem genuína.
Um dos protótipos originais de "waffle" feitos à mão por Bowerman. Fonte da imagem: ShoeZeum.
Os sapatos “sola de waffle” foram lançados na Feira Nacional de Artigos Esportivos de 1972, em Chicago, e imediatamente atraíram a atenção dos varejistas. No final do ano, ele recebeu o apoio do lendário corredor de 5.000m Steve Prefontaine (que registrou um recorde nos EUA nos testes olímpicos em Oregon naquele ano) e da estrela de tênis Ilie Nastase.
Foram esses sapatos que colocaram a Nike no mapa nacional. Haveriam vários desafios importantes nos próximos dois anos - incluindo uma ação judicial por parte da Onitsuka do Japão, cujos sapatos rivais Tiger eles tinham sido contratados para vender -, mas a maioria deles foi resultado direto das vendas decolando.
Dentro de uma década, os sapatos da Nike vestiam os pés de inúmeros atletas de ponta, incluindo John McEnroe, foram usados por estrelas de Hollywood como Farrah Fawcett em Charlie's Angels, entrando no enorme mercado chinês, tornando-se pública através de uma oferta pública inicial e, o mais importante, desbancando Adidas como a maior marca de calçados esportivos.
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